segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Infância louca .


José Aldir Paiva Trajano é filho de Coquim e Erotides . Casado com Albany Magalhães , com quem teve três filhas ; Cristiane , Tatiane e Suyane . Infelizmente não se encontra mais nesse plano. Era um reriutabense muito inteligente . Deixou escrito em forma de verso,relatos sobre sua infância .


"Oh! Minha querida terra

Eu trago em minha lembrança

Ainda quando criança

Aprendi a te amar.

Fui um menino moleque

E com os doidos eu bolia

De Jovina a João Pelado

Com todos eles mexia.


No tempo da minha infância

Eu não podia chorar

No quintal do Antonio Dutra

Muitas mangas fui roubar.


A D. Maria Jaca

Com a bengala na mão

Jogando praga em todos

Chamava-me: seco do cão.


Horácio Lira Pessoa

Eu chamava Rei do Sal

Escondi sua dentadura

Enterrada no quintal.


Tinha também Luiz Nunes

Nas casas,água botava

Quando me via de longe

Logo uma pedra pegava.


Muitas vezes eu não estava

Fazendo nada de ruim

Se apareçia mal feito

O povo todo dizia:

Foi o cabra do Coquim .

Me juntei a outro peralta

O conhecido Peru

No rélogio do Horácio

Colocamos um cururu.


Isto foi a maior queda

Que Horácio levou

Na hora que foi olhar

Porque a máquina parou

Só parou porque o pêndulo

No cururu encostou .


Horácio caiu para trás

Ficou gritando de dor

Dizia:me acuda Vírginia

Que minha perna quebrou.

A turma toda sorrindo

Na calçada de seu Coquim

Quando Vírginia saiu

Pra chamar o seu Coquim.

Veio Coquim, veio Mestre Louro

Seu Abílio e Demazim

Pra levar Horácio

Da sala pro camarim .


A gente mesmo fazia

O pessoal se zangar

Sabendo que logo mais

Uma surra ia levar.

Era a coisa mais gostosa

Que se podia fazer

Tomar o tal banho pelado

Pra quem quisesse ver.

O buraco do Sitônio

O riacho do seu Quim

Açude do Zé Aguiar

Do poço do seu Mundim.


Era o local preferido

Da canalha especial

Em casa tinha banho

Mas não era tão legal.


Tudo que era quintal

Que tinha pé de fruteira

Era nosso conhecido

Todos levávamos carreira

Só roubava por roubar

Somente por brincadeira.


Do Piano ao Azevedo

Do Prechete ao Venceslau

A Lucifé era a velha


Da boca mais imoral

Era o prato predileto

Da canalha especial.


Tem tanta coisa gostosa

Que não consigo lembrar

De certos
Oh! Minha terra querida

Aprendi a te amar.


Confesso que estou velho
tempos pra cá

Oh! Querida Reriutaba

Mesmo morto vou te amar ."


José Aldir , 28 / 11 / 1988.

Faleceu faleceu dois meses depois .